Caridade bancária

Os três principais bancos privados do Brasil se mobilizaram para ajudar no combate à pandemia anunciando a criação de um fundo a ser gerido por um coletivo civil. Claro, isso veio acompanhado da necessária exposição mercadológica do banco. Seus presidentes e vice-presidentes apareceram em pleno Jornal Nacionalque não falha em utilizar todas as armas que pode contra o Bolsonaro. Nesse caso foi menos explícito, mas era igualmente clara a mensagem “olha aí como nós do setor privado nos mobilizamos mais rapidamente do que o governo”. Mas vejamos o que significam esses recursos em proporção dos ativos totais dos bancos que são os investimentos que o banco possui na forma de empréstimos, títulos do tesouro, todas essas maravilhas bancarias. Vamos supor, aproveitando o anuncio orgulhoso de um desses Chief Executive Officer, que cada um deles disponibilizassem 1 Bilhão de reais para o referido fundo. Depois façamos a comparação com a contribuição hipotética do brasileiro médio aos pedintes no semáforo.

Caridade bancária

Banco
Ativos totais
Em R$ bilhões
Ajuda hipotética em R$ bilhões
Porcentagem sobre os ativos
Itau Unibanco
1.649
1
0,0006
Bradesco
1.287
1
0,0007
Santander
805,8
1
0,00124


Caridade no semáforo

Salário
Salário
Em R$ 1
Ajuda mensal ao pedinte
% da ajuda mensal sobre salário
Média nacional
2340
R$3
0,00128

Com uma contribuição mensal de R$3,0 no semáforo o assalariado médio brasileiro contribui mais do que aquilo que os maiores bancos contribuiriam se direcionassem 1 bilhão de reais para um fundo de ajuda ao combate da pandemia. Alguns economistas – tem que ser economista – diriam: mas os ativos não são a renda do setor bancário; eles não são comensuráveis com o salario que é uma renda e não um ativo. Certo. Faça as contas com os lucros bancários então, e tire as suas próprias conclusões.

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